Didáctica da Língua em Rede - Educação de Infância

Na era das TIC impunha-se a criação de um espaço de formação interactiva, complementar à vida da sala de aula. Aqui está ele! Aberto à publicação de textos, imagens, pedidos de ajuda, sugestões...Aqui está a possibilidade de continuarmos e explorar as potencialidades da nossa língua portuguesa. Enviem as vossas publicações para educinf@hotmail.com. Todos seremos poucos. Bem-vindos!!! ENDEREÇO PARA "POSTAGENS": educinf@hotmail.com JMCouto

24 outubro 2006

História "O coelho e o cachorro"

Olá Meninas,

Falamos sobre o valor da Amizade no nosso blog e a Sara até nos presenteou com um poema intitulado “Amizade”.
Consultando as minhas “coisas”, encontrei este texto que me faz ver o quanto os amigos são importantes para nós, o quanto sentem a nossa falta e o quanto precisam de nós e nós deles…
Leiam, reflictam e comentem…

Um beijo,
Sílvia Ferreira
O Coelho e o Cachorro
Eram dois vizinhos. Um deles comprou um coelhinho para os filhos. Os filhos do outro vizinho logo pediram também um animal de estimação ao pai. O homem comprou um pastor alemão. O outro vizinho ficou muito preocupado:
- “Mas ele vai comer o nosso coelho!”.
- “Não! De maneira nenhuma!”- respondeu o outro – “O meu pastor é ainda um cachorrinho. Vão crescer juntos, fazer amizade. Conheço bem situações dessas. Não há problema nenhum!”.
E parece que o dono do cachorro tinha razão. Juntos cresceram e amigos ficaram. Era normal ver o coelho no quintal do cachorro e vice-versa. As crianças estavam muito felizes.
Um dia, o dono do coelho foi passar o fim-de-semana fora com a família e o coelho ficou sozinho. Isto na sexta-feira. No domingo, à tardinha, o dono do cão e a família estavam a lanchar, quando entrou o pastor alemão na cozinha. Que horror! Trazia o coelho entre os dentes, todo imundo, rebentado, sujo de terra e, claro, morto. Quase mataram o cão.
- “O vizinho estava certo! E agora!?”.
- “E agora eu é que quero ver!”.
A primeira providência foi bater no pobre animal, escorraçá-lo, para ver se ele aprendia um mínimo de civismo e boa vizinhança. Claro, só podia dar nisso! Mais algumas horas e os vizinhos iam chegar!
- “E agora?”. Todos olhavam uns para os outros. O cão rosnava lá fora, lambendo as pancadas.
- “Já pensaram como vão ficar as crianças?”.
- “Calem-se!”.
Não se sabe exactamente de quem foi a ideia, mas era infalível.
- “Vamos dar um banho ao coelho, deixá-lo bem limpinho, depois secamo-lo com o secador da mãe e colocamo-lo na casota dele no quintal do vizinho”.
Como o coelho não estava muito entrelaçado, assim fizeram. Até perfume lhe puseram. Ficou lindo, parecia vivo, diziam as crianças.
Umas três horas depois ouviram a vizinhança chegar. Notaram o alarido e os gritos das crianças.
- “Descobriram!”.
Em menos de cinco minutos o dono do coelho veio bater à porta do vizinho. Branco, lívido (extremamente pálido), assustado. Parecia que tinha visto um fantasma.
- “O que foi? Que cara é essa?”.
- “O coelho... O coelho...”.
- “O que tem o coelho?”.
- “Morreu!”.
Todos: -“Morreu? Ainda hoje à tarde parecia tão bem...”.
- “Morreu na sexta-feira!”.
- “Na sexta?”
- “Foi. Antes de viajarmos as crianças enterraram-no no fundo do quintal!”.

A história termina aqui. O que aconteceu depois não importa. Ninguém sabe. Mas a personagem que mais cativa nesta história, é o pastor alemão. Imagine o pobre do cão que, desde sexta-feira, procurava em vão pelo amigo de infância, o coelho. Depois de muito farejar descobriu o corpo. Morto. Enterrado. O que faz ele? Provavelmente com o coração partido, desenterra o pobrezinho e vai mostrá-lo aos seus donos. Provavelmente até chorou, mas ninguém compreendeu e logo começou a levar pancada. O cão é o herói. O malfeitor é o dono do cão. O ser humano. Sim, nós mesmos, que não pensamos duas vezes. Para nós o cão é o irracional, o assassino confesso. E o homem continua a achar que um banho, um secador de cabelo e um perfume disfarçam a hipocrisia, o animal desconfiado que há dentro de nós. Julgamos os outros pela aparência, mesmo que tenhamos de deixar essa aparência como melhor nos convier. Maquilhada, disfarçada. Coitado do cão. Coitado do dono do cão. Coitados de nós, animais racionais.

(Autor desconhecido – recolha de Eugénia Sousa – Praia de Mira in “ O Libertador” da Obra Frei Gil).

4 Comments:

At 24/10/06 21:14, Anonymous Anónimo said...

Silvia, realmente esta história faz-nos pensar sobre quem muitas vezes é o animal ou reage como se fosse um.
O Homem, tem defeitos e na maior parte das vezes não pensa e reage instintivamente, sem pensar nas consequências dos seus actos e sem tentar perceber ou compreender a perspectiva do outro…esta história bem pode ser uma metáfora se a compararmos ao que o Homem faz com os seus semelhantes.
Na minha perspectiva devemos pensar duas vezes antes de termos atitudes percepitadas, apesar de eu muitas vezes também não o fazer!
Será isto a condição natural do ser humano? Ou será que os nossos impulsos ganham à nossa razão e ao pensamento?

Obrigada por participares!
Ana Monteiro

 
At 25/10/06 13:29, Anonymous Anónimo said...

Olá!

Gostei muito da tua história Sílvia. É a prova exacta, de que nós humanos caímos constantemente no erro de julgar o outro, pela sua aparência. Quantos vezes não acontece, julgarmos alguém pelo seu aspecto, e quando ficamos a conhecer essa mesma pessoa, a sua personalidade, dizemos: afinal, estava errada. Esta história mostra que devemos pensar duas vezes antes de agir, antes de fazer falsos julgamentos.

Beijinhos
Eva

 
At 25/10/06 14:56, Anonymous Anónimo said...

Olá, Sílvia!

Gostei muito da tua história e só tenho a dizer que a maioria das vezes devíamos de fazer uso desta frase "Escutem mais do que falam. Afinal de contas, foi para isso que a Natureza nos deu duas orelhas e apenas uma boca.” (autor desconhecido). Quem somos nós para julgar alguém?
Afinal vale a pena pensar nisto!


Beijos Sara

 
At 19/12/06 20:23, Anonymous Anónimo said...

concordo que as minhas colegas de turma dizem,.
devemos primeiro pensar, pensar bem no que vamos dizer, fazer, pois podemos magoar e até prejudicar outras pessoas sem se ter a noção da gravidade que fez.
e a amizade uma das coisas mais linda que possa existir.
tnh aqui um poema que achei interessante e que eu própria gostei bastante...queria partilharcom voces
espero que gostem.
"Um Toque "
olhou-me fixamente nos olhos
e abriu um sorriso inocente.
tinha pouco mais de um metro, olhos vivos e expressivos,
cabelo desalinhado
estava cansado das corridas
mas uma alegria extrema transparecia
no olhar, na face rosada,
na camisa por fora dos calçoes.
tocou-me na perna e foi-se.
ainda hoje não sei porque paro.
algo lhe despertou interesse .
talvez a quietude
ou o olhar triste e vazio?
sei apenas que passou por mim e parou.
não falou,
nem fez qualquer pergunta.
mas disse tudo o que precisava de ouvir:
que havia alegria,
que havia esperança,
que o mundo tem futuro,
que é possivel comunicar,
sem fazer grandes discursos,
sem tirar muitos diplomas
simplesmente acreditar,
e viver e sorrir
e amar...
ass silvia neves

 

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