Didáctica da Língua em Rede - Educação de Infância

Na era das TIC impunha-se a criação de um espaço de formação interactiva, complementar à vida da sala de aula. Aqui está ele! Aberto à publicação de textos, imagens, pedidos de ajuda, sugestões...Aqui está a possibilidade de continuarmos e explorar as potencialidades da nossa língua portuguesa. Enviem as vossas publicações para educinf@hotmail.com. Todos seremos poucos. Bem-vindos!!! ENDEREÇO PARA "POSTAGENS": educinf@hotmail.com JMCouto

11 outubro 2006

O Rato Anacoreta

«O Rato anacoreta»

Os Levantinos na sua lenda
dizem que certo Rato, farto deste mundo,
num imenso queijo flamengo
se retirou para longe do ruído.
A solidão era profunda,
em todo aquele redor.
E o nosso novo eremita lá subsistia.
Tanto fez, com patas e dentes,
que em poucos dias teve o eremita
abrigo e de comer: que mais é preciso?
Fez-se grande e gordo; Deus em bens é pródigo
para os que se Lhe consagram.
Um dia, à devota personagem
deputados do povo Rato
foram em demanda de esmola ligeira:
eles iam para terra estrangeira
buscar alguma ajuda contra o povo Gato;
Ratópolis estava bloqueda:
tinham-nos forçado a partir sem dinheiro,
dado o estado indigente
da República atacada.
Eles pediam muito pouco, certos de ajuda
para dali a quatro, cinco dias.
“Meus amigos, disse o Solitário,
as coisas deste mundo já não me tocam:
em que pode um pobre recluso
assistir-vos? Que pode ele fazer,
senão implorar ao Céu que vos ajude?
Espero que Ele terá por vós algum cuidado.”
Tendo falado deste modo
o novo Santo fechou a porta.
Quem designei, a vosso ver,
com este Rato tão pouco amistoso?
Um monge? Não, um anacoreta.
Suponho que um Monge é sempre caridoso.»

Glossário
● Anacoreta: solitário cristão que faz vida contemplativa.
● Eremita: o religioso que vive solitário no deserto ou no ermo, por penitência.
● Indigente: na miséria.
● Levantino: originário das regiões da costa oriental do Mediterrâneo, ou seja, do Levante.


Bibliografia
● Título: “Fábulas La Fontaine”.
● Ilustradas por: António Modesto.
● Traduzidas por: António Sabler.
● Editora: EDINTER, 1995.

Olá a todos.
Espero que tenham gostado desta pequena fábula e da imagem que a acompanha, de um Rato tão pouco caridoso.
Não sejam como ele, não fujam à realidade que vos rodeia, nem recusem ajudar quem quer que seja, com o pouco que possam ter. Até um simples sorriso, que nada vos custa, enriquecerá quem o receber.
E vocês, qual a vossa opinião relativamente a esta fábula? Gostariam de ter a vida fácil e de reclusão deste Rato? E se a tivessem, recusar-se-iam a ajudar que vos pedisse ajuda?
Pensem no assunto e digam qualquer coisa.
Diana Pereira

3 Comments:

At 11/10/06 18:44, Blogger Sofia said...

Aqui está uma bela iniciativa, parabens! Depois, tenho a dizer que o professor Couto me ensinou muito aquilo que sei hoje...alias arrisco a dizer que foi o meu professor preferido no Piaget...
Vou ser uma leitora assidua deste blog...
Muitos beijinhos
Sofia Vieira

 
At 11/10/06 20:00, Anonymous Anónimo said...

Mas que história tão engraçada...! Por vezes confesso que dá vontade de ser também um ratinho, e fugir às responsabilidades mas, temos de encarar a vida e lutar pelo que queremos.
Beijinhos Catarina Sousa

 
At 12/10/06 22:46, Anonymous Anónimo said...

Diana,
és uma mulher de palavra. Disseste à turma que irias publicar a fábula e ei-la aqui. Vale pela mensagem; vale pela original ilustração de António Modesto.
Será que alguém pode apresentar uma proposta de exploração didáctica desta fábula? Daqui poderia nascer um pequeno trabalho para aapresentação na sala de aula, com vantagens para todos.
Acho que seria uma excelente iniciativa.
Um beijo e obrigado!
JMCouto

 

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