As palavras, Eugénio de Andrade
São como um cristal,
as palavras.
Algumas,
um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
As palavras orvalho aparecem pela manhã, leves e refrescantes, líquidas e macias. Alimentam-nos as flores da alma.
beijinhos,Daniela.
2 Comments:
Gosto muito deste poema. As palavras são mesmo um cristal, trasparente e lúcido em que nos vemos e revemos a cada instante, por dentro e por fora.
Daneila, obrigado pela publicação.
Eu por acaso tambem gosto muito deste poema.As palavras secretas habitam em nós em locais inacessíveis, repletas de teias de aranhas. Às vezes, moram em baús e ficam como palavras-memória.
obrigada eu por comentario.
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