Didáctica da Língua em Rede - Educação de Infância

Na era das TIC impunha-se a criação de um espaço de formação interactiva, complementar à vida da sala de aula. Aqui está ele! Aberto à publicação de textos, imagens, pedidos de ajuda, sugestões...Aqui está a possibilidade de continuarmos e explorar as potencialidades da nossa língua portuguesa. Enviem as vossas publicações para educinf@hotmail.com. Todos seremos poucos. Bem-vindos!!! ENDEREÇO PARA "POSTAGENS": educinf@hotmail.com JMCouto

10 março 2007

O Preço Certo (História)

Era uma vez um homem simples e bom que tinha muito orgulho na filha, em todos os
seus dons, dotes, prendas, primores ou como queiram chamar às qualidades que
enfeitam uma filha aos olhos de um pai embevecido.
- A minha Inês tudo em que toca transforma em ouro.
Maneira de dizer.
Mas um espião do rei entendeu aquela fala de ternura tal e qual. A seco. E foi
dizer ao rei:
- Há uma menina que transforma tudo em ouro.
- Quero-a aqui - exigiu o rei, um ganancioso.
Foram buscá-la. Imagine-se a aflição daquele pai.
Trazida à presença coroada, de nada valeu à rapariga protestar que não era nada
assim, que nunca soubera de bruxedos nem de magias que doiram as pedras do chão.
Tomara ela dar conta da lida da casa e mantê-la asseada, para que o pai velho e
viúvo sempre se sentisse bem.
O rei não acreditou.
- Ou tu, fechada neste quarto, transformas a cama em que te deitares em ouro ou
amanhã mando matar-te.
A menina chorou a noite toda.
De madrugada, por um primeiro raio de luz, que atravessou o quarto, escorregou
um gnomo, vindo não se sabe de onde.
Põe-se muito empertigado diante de Inês e disse-lhe:
- O que é que tu me dás se eu te salvar?
Inês não tinha nada de seu. Nem colares nem pulseiras nem anéis. O que é que ela
podia dar?
- Os teus cabelos - exigiu o gnomo.
- Queres que eu os corte? - perguntou a menina.
Por enquanto, não. Mais tarde arrecado. E também quero a tua pele.
Inês arrepiou-se.
- E os teus dentes. E os teus olhos. Mas não quero agora. Depois mos dás.
Se não era para já, que havia de fazer? Inês consentiu.
Então o gnomo cortou o raio de sol por onde tinha vindo e, como se o raio fosse
uma varinha de condão, com ele tocou a cama, que ficou feita de ouro. Depois,
desapareceu.
O rei, quando entrou no quarto, deu pulos de contente. Claro que quis mais. Por
vontade dele transformaria o reino todo, casas, montanhas, rios, pontes e até
pessoas em ouro puro.
Ele nesta loucura, aos gritos, e um raio de sol a fazer-lhe a vontade. Se queria
tudo em ouro, nada melhor do que começar o serviço por ele próprio. O raio de
sol transformou o rei numa estátua de ouro, talvez não muito puro. Para aquele
sôfrego a ambição chegara ao fim.
Sucedeu-lhe um rei mais sensato, que deixou Inês em paz. Ela voltou para casa,
onde o pai a recebeu em lágrimas.
A história podia acabar aqui, mas havia ainda a promessa por cumprir. Quando é
que o gnomo voltaria, para intimá-la à paga combinada? Os cabelos. A pele. Os
dentes. Os olhos.
Passou tempo. A airosa menina transformou-se numa mulher. Casou. Teve filhos. Os
filhos, chegando a altura, deram-lhe netos. Ela sempre feliz.
Só uma gota de amargura, pela vida fora.
Se o gnomo aparecia, de repente? Não podia faltar ao preço que dera pela sua
salvação.
Envelheceu, sempre acompanhada por este sobressalto. A pele esmoreceu-lhe. Muito
rugosa, empergaminhada. Caíram-lhe os dentes. Rareavam os cabelos. Via cada vez
pior.
Já não podia dar nada que prestasse, quando o gnomo viesse. Tão velhinha que
estava.


Telma Martins

1 Comments:

At 10/3/07 18:39, Anonymous Anónimo said...

Olá pessoal.

Estava a pesquisar na net e vi esta história, achei-a gira e resolvi partilha-la com vocês, espero que gostem.
Podem encontrar mais histórias em www.historiadodia.pt.

Beijos da Telma

 

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