Didáctica da Língua em Rede - Educação de Infância

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05 dezembro 2006

De que têm medo os mais pequenos?

Beatriz, de 9 anos, chama a atenção, não só pela beleza, mas pela sua alegria e espontaneidade. Nota-se, à primeira vista, que é uma força da natureza. Medos? "Só de cobras e aranhas", diz, toda arrepiada, mas com ar de desafio, de coragem. "Com as aranhas, se for preciso, é logo à calcadela", afirma. Com o andar da conversa, Beatriz acaba, no entanto, por confessar que tem medo de estar sozinha e de ter de enfrentar algo ou alguém desconhecido. Mais tem medo que os pais se separem e, no limite, tem medo de ser abandonada, "como acontece a tanta gente da minha idade", diz, de cabeça baixa. "Não, não sou corajosa", confessa.
Beatriz estuda no 4º ano da Escola da Oliveirinha, em Ovar, turma que foi, ontem, o público-alvo do ateliê "Sótãos e outros medos", levado a cabo pelo Grupo do Sótão, de Coimbra, uma acção com o propósito de promover a leitura.
E foi a partir da obra "O pequeno livro dos medos", de Sérgio Godinho, que os animadores, numa abordagem diferente, levaram os cerca de 20 alunos a revelarem os seus próprios medos.
Medo de aranhas, de cobras, de cães, do escuro, de fantasmas, de ladrões e da trovoada, foram os mais apontados. Medos que, segundo o pedopsiquiatra Pedro Monteiro, do Hospital Maria Pia, são citados, uns mais do que outros, por quase todas as crianças.
"A sensação de ansiedade, de desamparo, nasce connosco. A insegurança funciona, na realidade, como o motor da nossa adaptação. Ora, essa insegurança, é, desde que se é bebé, moldada pela educação que é dada pelos pais. São eles que nos dão, ou não, uma base de confiança", explicou Pedro Monteiro.
Ainda assim, por muito estável que seja a vida de uma criança, a insegurança perante o desconhecido mantém-se sempre, até que a autoconfiança vai sendo conquistada já na adolescência. Importa, neste caso, quando as crianças revelam medos, e eles podem ser muitos e vividos ao mesmo tempo, levá-las a falar deles, papel que deve começar por ser dos pais. E, quando há problemas, não basta afastar as crianças para não ouvirem as discussões. Segundo o pedopsiquiatra, elas apercebem-se de tudo através da linguagem não verbal, da tensão que paira no ar, no fundo, da falta de estabilidade. Causas, muitas vezes, de medos como de engolir, ou de se engasgar, ou do escuro, medos que, à primeira vista, não teriam explicação lógica. Mas têm-na sempre.

Natacha Palma
In JN, 29 de Novembro de 2006
Fonte: http://jn.sapo.pt/2006/11/29/primeiro_plano/de_tem_medo_mais_pequenos.html

Aqui fica uma sugestão, para poderem realizar no estágio!
Bjs
Elizabeth, Eunice e Zita