Didáctica da Língua em Rede - Educação de Infância

Na era das TIC impunha-se a criação de um espaço de formação interactiva, complementar à vida da sala de aula. Aqui está ele! Aberto à publicação de textos, imagens, pedidos de ajuda, sugestões...Aqui está a possibilidade de continuarmos e explorar as potencialidades da nossa língua portuguesa. Enviem as vossas publicações para educinf@hotmail.com. Todos seremos poucos. Bem-vindos!!! ENDEREÇO PARA "POSTAGENS": educinf@hotmail.com JMCouto

02 novembro 2006

"A vendedora de fósforos"

Olá turma!
Como temos vindo a referir, queremos que deixem aqui contos de Natal, actividades a realizar, livros e outros materiais relacionados com esta época festiva e, até mesmo, a vossa própria história de Natal (de quando eram crianças ou de agora). O desafio está lançado, agora basta que participem.
Mas queremos deixar aqui mais uma marca nossa a este respeito e, assim sendo, vamos “netar-lhes” (contar-lhes na net) a história da vendedora de fósforos, para reflectirem um pouco e, caso julguem oportuno, tecerem o vosso comentário.
Chiuuu… Agora façam silêncio…
Sapatinho de veludo, nesta sala vai entrar
É a hora da história, vamos todos escutar.
Todos, todos sentadinhos, numa roda sem falar.
Perilim, pim, pim, a história começa assim…


Era noite de Natal. A neve caía abundantemente e começava a escurecer. No meio do frio e da escuridão, uma pobre criança caminhava pela rua, descalça e mal agasalhada. Saíra de casa com os velhos sapatos que a sua falecida mãe tinha usado até ao dia da sua morte; mas ficavam-lhe tão grandes, que os tinha perdido ao atravessar apressadamente a rua, para não ser atropelada por uma carruagem.
Por isso, a menina caminhava com os pés descalços e gelados pelo frio. No seu velho avental levava, como em tantos outros dias, as caixas de fósforos que tinha de vender para voltar para casa com algum dinheiro.
- Compre-me uma caixinha de fósforos, por favor! – repetia inutilmente aos poucos transeuntes que naquela noite passavam pela rua, todos com pressa de ir para casa e celebrar a noite de Natal.
Pobre menina! Ninguém lhe comprava nem uma única caixa de fósforos. E os flocos de neve continuavam a cair sobre os seus longos cabelos louros, ensopando o seu corpo delgado e frágil.
Tinha muito frio e muita fome, mas não se atrevia a regressar a casa sem um único centavo. O pai, sempre de mau humor, de certeza que a repreenderia. Se ao menos tivesse o consolo da sua querida avó! Mas também ela tinha morrido no Inverno anterior…
Pouco a pouco, as ruas foram ficando desertas. Nas casas, através das janelas, viam-se famílias felizes entoando cânticos diante de uma árvore iluminada, desfrutando da ceia, do calor e da alegria de uma noite tão festejada.
Ela não tinha sequer uma fogueira para aquecer as suas mãos geladas de frio.
E se as aquecesse com um daqueles fósforos?
Não era má ideia. Sentou-se num canto da rua e, depois de muito pensar, raspou um fósforo contra a parede. Riich! Que maravilha! Acendeu-se uma chama luminosa e quente como a de uma velinha e protegeu-a com a mão para que o vento não a apagasse. O alívio que sentiu foi tal que, por um instante, a menina imaginou estar sentada diante de uma grande lareira… Mas quando esticou os pés para os aquecer também, deu conta de que a chama se tinha extinguido e que entre os dedos apenas restava um pedacinho de madeira.
Raspou um segundo fósforo, que logo ardeu e brilhou como o primeiro. A menina acreditou ver então, reflectida na parede, uma mesa com uma toalha muito branca e a mais fina loiça de porcelana. Ao centro, um magnífico peru assado exalava um aroma delicioso. Mas… tinha acabado de esticar a mão, quando lhe pareceu ver que o peru saltava da travessa e, com o garfo e a faca espetados no peito, rolava até aos seus pés. A chama apagou-se e só viu diante de si a escura e impenetrável parede.
A menina, intrigada, acendeu um terceiro fósforo. Uma nova chama, ainda mais brilhante do que as anteriores, iluminou a sua doce carinha e… diante dos seus olhos apareceu uma maravilhosa árvore de Natal, muito maior e mais bonita do que todas as que tinha visto, através das janelas, nas casas dos comerciantes ricos. Mil velinhas iluminavam os verdes ramos do pinheiro, de onde pendiam bolas multicolores, caixinhas de presentes e guloseimas. A menina, encantada, levantou as duas mãos e o fósforo apagou-se.
Então, as velinhas elevaram-se para o alto e a menina pôde ver como se convertiam em estrelas reluzentes, uma das quais cruzou o céu deixando atrás de si um rasto de fogo.
- Isso significa que alguém acabou de morrer! – pensou a menina, lembrando-se do que um dia a avó lhe tinha dito: «Quando uma estrela cruza o céu, é porque uma alma sobe até ao Reino de Deus.»
A menina raspou novamente um fósforo contra a parede e a luz voltou a brilhar. Uma luz vivíssima que cegava, de onde surgiu a imagem radiante e alegre da sua avó.
- Avozinha! – exclamou a menina – Leva-me contigo. Fá-lo antes que a chama se apague. A lareira, o peru e a árvore de Natal desapareceram, mas tu não podes desaparecer, por favor… Gosto tanto de ti. Leva-me contigo!
E a menina acendeu, um após outro, todos os fósforos que tinha no avental, para reter a imagem da sua avozinha. Uma imensa luz imundou então a escura noite e a avozinha desceu, com os braços abertos, para vir buscar a sua neta. Ambas se elevaram abraçadas até ao céu e entraram no Reino de Deus, onde não existia fome, nem frio, nem tristeza.
Quando nasceu o novo dia, a menina continuava sentada no canto da rua, com as maçãs do rosto brancas como a neve e um doce sorriso nos lábios. Estava morta, morta com o frio da noite de Natal!
- Pobrezinha. Deve ter querido aquecer-se com eles. – diziam as pessoas que passavam, ao verem à sua volta um monte de fósforos queimados.
Mas ninguém podia imaginar as coisas maravilhosas que a pequena vendedora de fósforos tinha visto naquela noite de Natal!

Esperamos que tenham gostado. Até à próxima e obrigadas.
Carla Almeida
Sandra Castro
Sílvia Ferreira

1 Comments:

At 16/11/06 02:32, Anonymous Anónimo said...

Gostei muito da história, é triste mas não deixa de ser linda!

 

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