Didáctica da Língua em Rede - Educação de Infância

Na era das TIC impunha-se a criação de um espaço de formação interactiva, complementar à vida da sala de aula. Aqui está ele! Aberto à publicação de textos, imagens, pedidos de ajuda, sugestões...Aqui está a possibilidade de continuarmos e explorar as potencialidades da nossa língua portuguesa. Enviem as vossas publicações para educinf@hotmail.com. Todos seremos poucos. Bem-vindos!!! ENDEREÇO PARA "POSTAGENS": educinf@hotmail.com JMCouto

16 janeiro 2007

Poema



Era tão pequeno,
que ninguém o via.
Dormia, sereno,
enquanto crescia.
Sem falar, pedia
porque era semente-
- ver a luz do dia,
como toda a gente.
Não tinha usurpado
a sua morada.
Não tinha pecado.
Não fizera nada.
Foi sacrificado
enquanto dormia.
Esterilizado
com toda a mestria.
Antes que a tivesse,
taparam-lhe a boca,
- tratado, parece,
qual bicho na toca.
Não soltou vagido.
Não teve amanhã.
Não ouviu: «-Querido...»
Não disse: «-Mamã...»
Não sentiu um beijo.
Nunca andou ao colo.
Nunca teve o ensejo
de pisar o solo,
pezito descalço,
andar hesitante,
sorrindo, no encalço
do abraço distante.
Nunca foi à escola,
de sacola ao ombro,
nem olhou estrelas
com olhos de assombro.
Crianças iguais
à que ele seria,
não brincou com elas,
nem soube que havia.
Não roubou maçãs,
não ouviu os grilos,
não apanhou rãs
nos charcos tranquilos.
Nunca teve um cão,
vadio que fosse,
a lamber-lhe a mão,
à espera de um doce.
Não soube que há rios
e ventos e espaços.
E invernos e estios.
E mares e sargaços,
e flores e poentes,
E peixes e feras
- as hoje viventes
e as de antigas eras.
Não soube do mundo.
Não viu a magia.
Num breve segundo,
foi neutralizado
com toda a mestria:
Com as alvas batas,
máscaras de entrudo,
técnicas exactas,
mãos de especialistas
negaram-lhe tudo
(o destino inteiro...)
- porque os abortistas
nasceram primeiro.

Anónimo

O referendo está a chegar, está nas nossas mãos decidir.
Achei este poema tão lindo que não podia deixar de o publicar e neste espaço fazer-vos pensar!

Beijos Sara Silva

5 Comments:

At 16/1/07 22:39, Anonymous Anónimo said...

Como refere s.poniagem a criança é a consagração da vida.
pois a criança é Apoteose da vida,por isso tem todo o direito de viver.

 
At 16/1/07 23:50, Blogger Cláudia Costa said...

Sem palavras...Adorei!

Beijinhos

 
At 18/1/07 17:20, Anonymous Anónimo said...

concordo plenamente quando a Sara refere que o referendo acerca da despenalização do aborto está a chegar e que está nas nossas maõs o poder de decisão. Apesar do voto ser secreto, é com toda a coragem que digo que vou votar SIM. sim ao direito da mulher escolher se se sente preparada para ter o filho, pois esta é uma decisão que ninguém pode tomar por outro.
O poema é bastante interessante, mas esquecesse de fazer alusão aos maus tratos que crianças indesejadas são vitimas, violações infantis, abandonos à nascença..quantas crianças não sofrem abusos, quer fisicos como psicológicos todos os dias? não serão estes actos mais violentos para as crinaças do que o aborto? A mim deixa-me a pensar..a vocês não?


Sónia Pereira

 
At 18/1/07 20:15, Anonymous Anónimo said...

Vocês que são mulheres e aspiram a ser mães nunca tentem matar um SER indefeso. Ele quer viver. Ele é sempre desejado.
Pensem se um dia a vossa mãe vos tivesse abortado, quantas oportunidades de felecidade teriam perdido. Não sejam egoistas. Não pensem só em vocês...
Reflictam e não vão atrás de criminosos que nós um dia colocámos no Governo de Portugal. Afinal estamos a preconizar um problema pelo fim e não pelo inicio que seria apostar numa prevenção e nunca numa forma finita e fácil.
será que quando vocês têm um problema e pensam no suicidio também o resolvem imediatamente?
Também dá que pensar, não dá? Um dia quando nós não servirmos para nada e já não formos desejados e quando as pessoas já não nos proporcionam momentos de felicidade então matem-nos?! Será assim a melhor forma de pensar?

 
At 19/1/07 18:53, Anonymous Anónimo said...

Olá Sara.
Obrigado, o poema é lindíssimo.

 

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